Como conceber estruturas no futuro que impactam na vida das pessoas
A tecnologia afetou vários aspectos da arquitetura e os métodos construtivos em seu aspecto mais geral. Modelos paramétricos, impressão em 3D, inteligência artificial, automação, robótica, diversos softwares, entre outras novidades. Não há dúvida de que as novas ferramentas aumentaram e unificaram a comunicação entre empreiteiros, construtores, arquitetos, engenheiros, e todas as outras partes interessadas no processo de construção alterando a maneira tradicional de construir impactando nas profissões aliadas a este processo. Os materiais estão ficando menores, mais leves e mais fortes.
Mas como essas mudanças podem impactar a vida das pessoas num mundo onde a explosão demográfica é um aspecto relevante? Enquanto a tecnologia assume novas funções, como um arquiteto irá pensar no ambiente urbano relacionado com as pessoas, lugares, padrões de vida utilizando as tendências atuais que levam em consideração a estética, criação de espaços personalizados, construções ecoeficientes e, ao mesmo tempo, agregar estética, interação do uso e uma experiência agradável através de projetos democráticos promovendo as relações humanas.
Os grandes desafios estão em utilizar formas, cores e materiais que promovem uma infraestrutura com provisão de serviços de mobilidade urbana, acessibilidade e crie ambientes mais colaborativos. O arquiteto Juhani Pallasmaa, em seu livro “O Pensamento Mão” em uma de suas notas afirma que, “A confiança na arquitetura futura deve se basear no conhecimento de sua tarefa específica; os arquitetos precisam definir tarefas que ninguém mais sabe imaginar.” …“O dever da arquitetura e da arte é examinar ideais e novos modos de percepção e experiência, e assim abrir e ampliar os limites do nosso mundo vivido.”
A abordagem filosófica considera que a arquitetura deve contextualizar espaços através de métodos construtivos exclusivos levando em consideração as culturas e a forma como evoluem introduzindo novos conhecimentos, materiais e técnicas de construção. Para explorar melhor este tema, vamos separar os aspectos relevantes para refletir sobre o potencial dos materiais, a tecnologia, os métodos construtivos e a relação com a qualidade de vida das pessoas nas cidades.
Reflexão sobre as moradias de massa
A crescente expansão das cidades e a densidade populacional vêm afetando, principalmente, pequenas moradias e as multifamiliares, cujo desafio de construtores e arquitetos é pensar em métodos e materiais adequados para solucionar essa questão propícia de se encontrar em áreas de risco e comunidades com restrições de espaço e de recursos naturais para proporcionar uma vida com maior dignidade para essa parcela da população.
A habitação faz parte do conjunto de aspirações de uma parte significativa da população brasileira no atendimento a habitabilidade, segurança e salubridade. Segundo a Conferência das Nações Unidas sobre assentamentos humanos, moradia adequada para todos e desenvolvimento sustentável dos assentamentos são os maiores desafios a serem enfrentados a nível global. Portanto, arquitetos e profissionais da construção, deverão criar acesso a abrigos com serviços básicos saudáveis e seguros para o bem-estar físico, psicológico, social e econômico das pessoas.
Sistemas de construção local trazem solução social e ambiental para projetos habitacionais
As sociedades no mundo criaram culturas de construção que resultam numa arquitetura contextualizada com métodos de construção baseados no modo de vida local introduzindo novos conhecimentos, materiais e técnicas de construção.
O equilíbrio entre o homem e natureza ou o desenvolvimento sustentável, mostra que estruturas tradicionais construídas em madeira e materiais locais disponíveis na natureza e baseadas nas condições de localização, altitude, atividades econômicas e presença do núcleo a ser expandido, podem ser integradas como design de novos modelos substituídos pelo tradicional método construtivo do concreto. No Haiti, por exemplo, depois do desastre natural de 2010, casas de madeira coloridas valorizavam a cultura local em contraste com os antigos prédios cinzentos de concreto. É um investimento sustentável, estético, com princípios de resiliência e eficaz. Esta reflexão sobre a arquitetura, considera os materiais locais como elementos de valor na arquitetura tradicional com soluções de menor custo e que podem ser adotadas em larga escala para atingir o maior número de pessoas.
Abaixo, preparamos uma lista de materiais obedecendo a eficiência energética, diminuição de resíduos e a sustentabilidade.
- Contêiner (descarte aproveitável para a construção)
- Argamassa de argila (sustentável e termoacústica)
- Tinta ecológica (feita com materiais orgânicos, naturais e não tóxicos ao meio ambiente)
- Bambu (quase tão resistente quanto o aço, sustentável e usado para estruturas, vedação ou cobertura de construções)
- Bioplástico (feito a base de matérias-primas biodegradáveis, se decompõem na natureza e são usados para pisos, rodapés, revestimentos e divisórias de ambientes)
- Tijolo ecológico ou de terra compactada (compactados e moldados em uma prensa hidráulica)
- Replast (compressão de restos de plástico retirados os oceanos em blocos modulares sem a necessidade de fixação com argamassa, cola ou outros
- Isopet (blocos de concreto feito com isopor e pet)
- Telhado verde (coberturas com plantas)
Abraçando a tecnologia sem perder a sensibilidade
Em contraponto aos sistemas construtivos locais, mas parte integrante dos novos métodos de construção por meio da tecnologia através de sistemas colaborativos com o uso de softwares, design em realidade virtual, impressão 3D, robótica e inteligência artificial com a automação residencial para proporcionar conforto, segurança e acessibilidade à vida das pessoas.
Na era digital e da comunicação, a automação residencial tem se tornado um aliado nos projetos arquitetônicos. Equipamentos e materiais ergonômicos, promovem independência e qualidade de vida para quem tem mobilidade reduzida e precisa de acessibilidade. Ao passo que sistemas automatizados como comando de portas, cortinas e persianas; tarefas agendadas; integração dos equipamentos de áudio e vídeo e sensores diversos de luz, gás, inundação, fumaça e exaustão também contribuem para o bem estar das pessoas. Texturas, cores, condições internas do ambiente, superfícies táteis, suportes de parede, dispositivos auditivos, entre outros, também podem ser incorporados nesse processo de residência inteligente para pessoas com algum tipo de deficiência.
uer saber mais sobre este tema? Consulte nosso conteúdo “Automação residencial: a era da construção inteligente nos projetos arquitetônicos”, em nossa página.
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