O termo circulação na arquitetura refere-se a maneira como as pessoas se movem em edificações, ou seja, de que forma interagem no espaço físico em que estão inseridas. Denota, também, o movimento através de, ao redor e entre espaços físicos construídos – como escadas, elevadores, saguões, lobbies, corredores etc.

Os espaços de circulação podem ser definidos como facilitadores na movimentação de pessoas. Essa categorização pode levar em conta alguns fatores.

Orientação

  • Horizontal: corredores
  • Vertical: escadas, rampas e elevadores

Restrição de uso

  • Circulação aberta ao público em geral
  • Espaços restritos a pessoas autorizadas – circulação privada

Frequência de uso: contínuo, manhã, dia, noite

Ambiente: aberto ou fechado

Dessa maneira, essas rotas percorridas pelas pessoas entre ambientes tem a função de conectar “espaços entre espaços”. Mais do que isso, interpreta também a experiência pela qual as pessoas passam ao se moverem através dessas edificações.

Naturalmente, a experiência de transitar em uma edificação é decidida – em última análise – pelas pessoas que o fazem. Porém, os direcionamentos, formas e layouts dos espaços podem determinar a maneira como essa circulação é feita. Por isso, existem na arquitetura elementos que padronizam essa experiência.

Os 5 elementos de circulação na arquitetura

Agora, nosso foco será entender os cinco elementos que definem a circulação em ambientes construídos.

  1. Aproximação
  2. Entrada
  3. Configuração do espaço
  4. Relação entre caminho e espaço
  5. Forma do ambiente de circulação

1. Aproximação

Aproximar-se a uma edificação é a primeira etapa no processo de circulação. Essa primeira abordagem pode ser direta (frontal) ou em um ângulo oblíquo. O primeiro caso trata-se da maneira mais tradicional de se iniciar a circulação em uma construção; em geral ocorre ao longo de um eixo reto em direção à entrada do edifício – ao longo da fachada da estrutura.

A aproximação oblíqua pode ser compreendida como uma visão em perspectiva do edifício – em ângulo –, ainda que também possa ser realizada na parte frontal da edificação. Nesse caso, é interessante que haja identificação e direcionamento à entrada, afinal, nem sempre ela pode ser facilmente identificável.

2. Entrada

A entrada em uma edificação define o momento de transição de um espaço para outro. Conhecidamente, a maneira mais utilizada nessa mudança é através de uma porta. Porém, existem outras maneiras de simbolizar essa mudança de ambiente; a utilização de colunas ou pilares fechados por uma viga superior também podem expressar sutis mudanças de espaço em determinada construção.

Essa passagem de um espaço para outro pode ser feita de maneiras diversas, de acordo com o que se deseja para o ambiente que se segue.

  • Nivelada com o plano de entrada, rebaixada ou elevada: influi na interação que se deseja ter com o ambiente externo;
  • Centralizada ou descentralizada em relação ao plano de entrada;
  • Igual, mais largo, mais estreito, mais baixo ou mais alto que o ambiente anterior;
  • Direções retas ou caminhos sinuosos;
  • Uso de mobílias para se interromper um caminho de circulação direta e definição de mudança de lugar.

3. Configuração do espaço de circulação

Naturalmente, um caminho deve levar do ponto A ao ponto B no menor espaço possível, ser iluminado e desobstruído. São razões óbvias, afinal é ideal que as pessoas se movam de maneira rápida e eficiente. O fato é que essas são as regras, e regras são feitas para serem quebradas, sobretudo na arquitetura.

Dessa maneira, um percurso pode ter segmentações, curvas, elevações, cruzamentos e ramificações para outros caminhos. Ainda, essas rotas podem não necessariamente levar de um ponto a outro, mas serem uma junção de diversos caminhos que chegam em um ponto central, ou simplesmente serem circulares. Esse último caso é o exemplo clássico da configuração de um shopping center.

Planta Shopping Parque Dom Pedro, em Campinas, cuja circulação interna é direcionada para um fluxo circular.

Planta Shopping Parque Dom Pedro, em Campinas, cuja circulação interna é direcionada para um fluxo circular.

Por fim, os trajetos podem assumir diversos padrões de maneira composta. Ao projetar um layout desses, é importante que todas as escalas, medidas e formas sejam integrados e tenham harmonia na circulação.

4. Relação entre caminho e espaço

Os caminhos têm relação intrínseca com os espaços que ligam e podem fazê-lo de três maneiras diferentes:

Passar por ambos espaços que ligam: nesse caso, não há interferência do caminho em questão pelo local que atravessam, são independentes. Exemplo: entrada direcionada para shows e eventos.

Passar através dos ambientes: há interação na circulação dentro do local em questão, podendo haver pontos de parada e descanso. Exemplo: corredor de um edifício comercial em que há uma cafeteria entre o deslocamento do escritório para a saída.

Cafeteria em espaço corporativo

Cafeteria em espaço corporativo.

Terminam em um espaço: a ideia é que se chegue a um local. Exemplo: visitação de um monumento.

Cristo Redentor, clássico caso de circulação direcionada a um monumento.

Cristo Redentor, clássico caso de circulação direcionada a um monumento.

5. Forma do ambiente de circulação

A maneira pela qual as pessoas se movem em um ambiente de circulação tem ligação direta com a forma que o espaço que o envolve é definido. Os formatos, escalas, limites, alterações em elevação influenciam diretamente no padrão observado de movimento das pessoas.

Podemos elucidar alguns tipos de interação em ambientes de circulação:

  • Caminho mais estreito e fechado: direciona o movimento de contingente para frente, de forma linear. Exemplo: corredor de circulação privada;
  • Espaços largos trazem uma experiência de movimentação aleatória e indefinida. Exemplo: saguão público de uma edificação;
  • Mudanças no nível através de escadas, rampas e elevadores: nesse último caso, entrar numa cabine e subir ou descer um pavimento traz um impacto claro de transição de ambiente. Além disso, é um elemento de circulação vertical capaz de otimizar o fluxo de pessoas, geralmente posicionado estrategicamente em um edifício;
  • Formato das escadas: lineares, em L, em U ou em espiral. Nesse último caso, por exemplo, passa-se uma ideia de inserção em ambiente mais privado.

É notável que o conceito de circulação na arquitetura não se limita a construir um corredor ou passarela ligando dois ambientes, por exemplo. Vai além: traz uma relação simbiótica entre a estrutura de um edifício e as pessoas que se movem através desses espaços, e cria um fluxo dinâmico que chamamos de circulação.