Quando Malcolm McLean inventou o contêiner e revolucionou a era industrial, na década de 50, não pensava que o mundo poderia criar um cemitério de estruturas metálicas, que foram usados como abrigos nos tempos de guerra e contra desastres naturais. Mas foi no ano 2000, que a Inglaterra teve a ideia de construir uma cidade inteirinha de contêiner: a Container City 1, na região portuária de Docklands, área industrial onde um conglomerado de contêineres recriaram acomodações com ótimo padrão com todas as alternativas de usos necessários para uma cidade. A ideia fez tanto sucesso que criaram a Container City 2.
Os contêineres viraram alternativa de moradia para quem procura durabilidade, viabilidade técnica, práticas sustentáveis, flexibilidade e economia. Com medições de 3 a 12 metros de comprimento por 2,5 de largura, são fáceis de montar por serem modulares e podem se transformar em pequenos espaços para lojas e escritórios até casas de alto padrão. Dependendo do projeto, o custo pode ficar na média de 30% de economia em relação a uma obra de alvenaria.
As montagens são diversas onde podem inserir o espaço externo no contexto da casa como terraço, estacionamento entre os módulos, suítes separadas por jardim de inverno, deck e até lounge. Quando se fala em contêiner pensamos no marítimo cujos reparos precisam ser feitos para o uso residencial, mas também existem os modulares fabricados pela indústria. A estrutura exige manutenção, mas o conforto é garantido quando executado por profissionais especializados.
Como é um produto que já vem com piso, teto e paredes essa tendência pode se facilmente adaptável a residências e ganha cada vez mais espaço no mercado da construção. Uma história conhecida é a do arquiteto Danilo Corbas, que construiu a sua casa de contêiner sendo o primeiro exemplo de residência neste formato no Brasil atraído pelo formato, custo, mobilidade, resistência do material e tempo de construção. Aqui, vamos apresentar algumas peculiaridades desse método no mercado da construção!
Casa contêiner do arquiteto Danilo Corbas
A tendência do uso dos contêineres nas edificações
Os contêineres marítimos e modulares utilizados nas construções são uma tendência da arquitetura moderna no Brasil. Com vida útil de cerca de 100 anos são descartados da indústria de cargas após 8 anos de uso. Como o transporte vazio da caixa metálica é cara no mundo, eles caem em desuso. Esta retirada dos portos de centenas de contêineres descartados após o período de serventia para o transporte de cargas é um dos aspectos que trazem apelo ambiental à reutilização dos contêineres em novas construções.
A possibilidade de uso desta estrutura para customizar bares, restaurantes, escritórios, casas, lojas, entre outros, já é uma realidade no Brasil e no mundo como uma forma saudável de começar uma obra sem grandes reformas ou demolições. Muitos países desenvolvidos já usavam o contêiner como estrutura modular de construção aplicada em edificações para criar departamentos administrativos, casas e construções comerciais como forma de gerar economia de recursos com uma obra mais limpa e sustentável.
Na comparação com o método tradicional, o contêiner dispensa consumo excessivo de materiais como areia, água, tijolo, cimento e ferro, que trazem maior sujidade à obra além de aumento dos custos e tempo de execução. Portanto, sejam em edificações temporárias ou permanentes, residenciais ou comerciais, o contêiner é uma alternativa aplicável na indústria da construção civil e tem sido escolhido como método construtivo por trazer maior adaptabilidade à obra.
5 motivos para usar o contêiner na construção
Tempo de execução – Sem sujeiras no canteiro de obras e algumas instalações a serem feitas, o contêiner já vem pronto quando comprado novo e o acabamento é feito com drywall. Calcula-se que o tempo de execução de uma casa seja de até 3 meses. Uma obra de alvenaria levaria cerca de 10 meses.
Sustentabilidade – O reuso dos contêineres com a exclusão de materiais como areia, água, cimento, argamassa e etc prova que a obra consome menos recursos e, portanto, com reduzido impacto ambiental onde quase 60% dos resíduos são gerados pela construção civil.
Viabilidade técnica – Os contêineres não precisam de execução de terraplanagem, porque recebem apoios (sapatas) nos canto e no meio com estrutura a base de concreto para evitar risco de alagamentos. É possível incluir sistema de coleta de água tornando-o ainda mais sustentável.
Itinerância – como a estrutura é modular, o contêiner pode ser transportado para outros locais fornecendo flexibilidade nas montagens sem prejuízos ao serem removidos.
Redução de custos – Estima-se que as construções feitas em contêineres consumam entre 20 e 40% a menos comparativamente a uma obra tradicional de alvenaria mesmo com a escolha de materiais mais caros para o acabamento.
Desafios da construção em contêiner
Condução térmica – O contêiner é feito de aço, portanto, um forte condutor de calor. Forrar a estrutura com isolamento térmico é fundamental.
Acústica – A acústica do contêiner também precisa de isolamento adequado para evitar o eco e excesso de barulho dentro da caixa metálica. Deve ser feita entre a estrutura e as placas de drywall.
Documentação – No Brasil, ainda não existe uma Norma específica para construções de contêiner, mas é possível aprovar o projeto como estrutura de aço nas prefeituras, de acordo com o Plano Diretor de cada município.
Tratamento – O módulo precisa de tratamento contra o material tóxico deixado nos revestimentos do aço ou pelo tipo de transporte de carga quando era utilizado. Precisa retirar a camada da pintura com um abrasivo e ser repintado com uma tinta não tóxica antes de ser habitado. Um contêiner novo já vem pronto com tratamento.
Profissionais especializados – Profissionais habilitados sabem como instalar canos e fiação elétrica, operar guindaste para o transporte e fazer os cortes das portas e das janelas assim como o reforço nas vigas e colunas dependendo do projeto.
Mesmo com suas peculiaridades, o contêiner provou ser uma solução viável tanto para construções comerciais como residenciais e é uma tendência evolutiva no mercado da construção brasileira.
Sim com certeza é uma alternativa boa e sustentável.