Você já ouviu falar sobre economia circular? Descubra como esse conceito está transformando a arquitetura e preservando o patrimônio histórico de forma mais sustentável.
Um dos conceitos mais populares atualmente, momento em que muito se fala sobre sustentabilidade, é o da economia circular. Aplicada ao campo da arquitetura, a economia circular pode gerar uma diminuição do desperdício de materiais, através da reciclagem, e da geração de resíduos.
Economia circular? O que é isso?
A economia circular associa o desenvolvimento econômico a um uso mais eficiente dos recursos naturais, sempre pensando na sustentabilidade. Tal uso se dá a partir de técnicas novas de negócios, mais eficientes e menos focadas no uso de matéria-prima virgem, dando mais espaço à utilização de materiais mais duráveis e renováveis.
Quando aplicada ao campo da arquitetura, a economia circular ajuda a repensar a forma como a matéria-prima é utilizada, apontando para um caminho mais concentrado nas necessidades da sociedade, nas possibilidades para a comunidade ao redor de uma construção e no desenvolvimento sustentável.
Preservando a história com sustentabilidade – economia circular
No caso dos patrimônios históricos, por exemplo, as técnicas da economia circular permitem processos de manutenção ou restauração mais conscientes não só da importância da sustentabilidade, mas também da importância dessas construções para a sociedade. Os patrimônios históricos são marcas da história de uma cidade ou de uma região, carregam memórias e a identidade das comunidades que fizeram ou fazem uso deles.
A reutilização de materiais, uma das estratégias que melhor definem a economia circular aplicada à arquitetura, é uma das formas através das quais se pode revitalizar um patrimônio histórico mantendo suas características arquitetônicas.
A reciclagem de materiais, inclusive, pode ocorrer a partir de matéria-prima encontrada em outras construções. Isso significa que os materiais de lugares que foram demolidos, por exemplo, podem ser reutilizados, diminuindo o impacto ambiental ao reduzir a emissão de resíduos de demolição.
Patrimônios arquitetônicos: o retrofit
A economia circular aplicada aos patrimônios arquitetônicos pode resultar em diferentes processos de mudanças e adequações nesse tipo de construções. Existem as reformas e as restaurações, por exemplo, e também existe o retrofit.
Enquanto as reformas – que podem de menor ou maior proporção, indo de pequenos reparos a grandes modificações – podem acabar descaracterizando um patrimônio arquitetônico (algo que é sumariamente vetado no caso de edifícios tombados, por exemplo), as restaurações ocorrem na ponta contrária: buscam revitalizar uma construção mantendo suas características originais.
O retrofit se coloca mais ou menos entre esses dois conceitos, porém mais perto da restauração. Como assim? Bem, o retrofit também carrega o ideal de revitalizar um edifício a partir da preservação das suas características originais, aproveitando o máximo possível os materiais já disponíveis para uso.
Assim, o retrofit busca modernizar uma construção, mantendo os seus aspectos positivos e integrando mudanças arquitetônicas que façam sentido, sem descaracterizar o lugar. A ideia é incluir, quando possível, mudanças que tornem o lugar mais seguro e sustentável.
Além disso, o retrofit não pensa apenas no patrimônio arquitetônico em si, mas também no seu entorno, refletindo sobre seu impacto na sociedade. Três são os pilares do retrofit: a segurança, a habitabilidade e a sustentabilidade.
A segurança tem a ver com a segurança estrutural, como, por exemplo, a estrutura de prevenção e combate a incêndios e a segurança do uso operacional das funções do lugar. A habitabilidade, por sua vez, se relaciona com aspectos como higiene, conforto e acessibilidade. Por fim, a sustentabilidade compreende a vida útil do local, o seu impacto ambiental e as suas necessidades de manutenção.
O retrofit se torna uma opção desejável quando, partindo da modernização das grandes cidades, os prédios históricos passam a não apresentar todas as características necessárias de acessibilidade, como o acesso universal de pessoas. Além disso, ao se aproximarem do fim da vida útil, as despesas desses locais se tornam muito altas. O retrofit é uma forma de atualizar esses locais, diminuindo os custos a partir de mudanças que modernizam a construção e a tornam mais sustentável.
Um caso de retrofit no Brasil é o Edifício Martinelli, patrimônio cultural da cidade de São Paulo. Assinada por Paulo Lisboa, o processo de retrofit teve o desafio de trazer soluções modernas em conjunto com a historicidade do edifício, que foi construído em 1929 e tombado em 1992.
Entre as melhorias no Edifício Martinelli, estão modificações como: criação de espaços integrados, sistema de climatização, cabeamento para informatização e novo sistema de iluminação para os locais de trabalho.
Edifício Martinelli: obra atualmente. Fonte: Galeria da Arquitetura
Outro exemplo é a revitalização do prédio do Cotuca, o Colégio Técnico de Campinas, que aconteceu em parceria entre a Engetax e a Campinas Decor.
A revitalização do Cotuca
Fachada de prédio do Cotuca, em Campinas — Foto: Antoninho Perri/SEC Unicamp
A Campinas Decor é uma das maiores mostras de Arquitetura, Decoração e Paisagismo do interior paulista e, na sua 25º edição, reforçou seu papel na recuperação de construções de patrimônio público.
O Cotuca, Colégio Técnico de Campinas, foi fechado em 2014 por conta de problemas de segurança na sua infraestrutura. Os alunos foram, então, transferidos para um local alugado. A partir da parceria entre a Engetax e a Campinas Decor, o retrofit do Cotuca foi possível e, assim, em 22 de fevereiro de 2021, o prédio foi reinaugurado.
Nas palavras de Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, “A parceria com a Campinas Decor permitiu recuperar e requalificar um espaço fundamental, não somente para a Unicamp, mas para a história de Campinas. Conseguimos restaurar em conjunto um prédio histórico, que voltará a abrigar o Colégio Técnico da Unicamp, o nosso querido Cotuca, a partir de quando a mostra seja encerrada”.
Elevador Engetax no Cotuca, em Campinas — Foto: Antoninho Perri/SEC Unicamp
E a parceria com a Engetax resultou em um aspecto essencial da modernização do Cotuca: a acessibilidade, com a instalação de um elevador panorâmico ligando os três pavimentos do prédio. Dessa forma, a Engetax mostra como é possível atualizar um patrimônio histórico respeitando as suas singularidades e história, uma vez que a instalação do elevador ocorreu respeitando todas as regras do tombamento do Cotuca.
Para saber mais sobre a parceria da Engetax com a Campinas Decor, clique aqui.
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