O aumento no processo de urbanização com o consumo excessivo de energia, matéria prima, o crescimento das ilhas de calor provocadas pelo concreto das cidades e as emissões de gases estufa na atmosfera se configuram como desafios do nosso século. Por isso, as múltiplas funções encabeçadas pelos espaços verdes no meio urbano são fundamentais à preservação da biodiversidade aproximando a população da natureza proporcionando benefícios ecológico, econômico e social. Arquitetos e planejadores urbanos devem lidar com a problemática da urbanização e os espaços verdes surgem como forma de mitigar os efeitos nocivos dessas mudanças para garantir ar e água potável desejáveis ao bem estar e à saúde das populações.
Espaços verdes nos centros urbanos aliam qualidade do ar com economia de energia
Um dos exemplos de espaços verdes nos centros urbanos tradicionalmente mais usados são os jardins verticais traduzidos pelos painéis verdes inseridos nas paredes externas e internas das edificações. Os efeitos na melhora da qualidade do ar e o desempenho termoacústico reduzem também o consumo de energia. As plantas são colocadas em módulos impermeáveis e é possível utilizar materiais reciclados como caixas de leite ou tubos de pastas de dente irrigados por água de reuso. Uma camada de tecido grosso é presa a parede e as plantas escolhidas devem ser selecionadas por um paisagista. A manutenção com irrigação e fertilização pode ser feita de forma automatizada trimestral ou semestralmente para o controle de pragas e limpeza fitossanitária. O material é impermeável garantindo a circulação do ar entre a parede e o jardim.
Iniciativas de espaços verdes na capital paulista
Edifícios de bairros como Pinheiros, Vila Madalena e Jardins, na zonas sul e oeste da cidade, respectivamente, têm adotado o sistema de espaços verdes com a instalação de jardins verticais inclusive em escolas e outras edificações comerciais. Alguns shoppings da cidade incorporaram a horta ecológica. O composto orgânico é feito por meio da reciclagem de restos da praça de alimentação numa preparação como adubo evitando o desperdício e oferecendo destinação adequada aos resíduos. Uma delas está no shopping Eldorado ocupando uma área de mil metros quadrados com pretensões de alcançar 9,8 mil metros quadrados do telhado do shopping.
Dizem que o maior jardim vertical do mundo fica em Bogotá, na Colômbia e na cobertura de um único edifício cabem 115 mil plantas de cinco famílias de espécies diferentes em 3 mil metros quadrados. No Brasil, a iniciativa mais expressiva é o Movimento 90º, que congrega arquitetos, paisagistas e engenheiros, criado em 2013 pelo francês Guil Blanche e prega a inserção de jardins verticais na cidade de São Paulo. Os mais conhecidos são na Avenida 23 de Maio e no tradicional Minhocão. Ambos exibem cerca de 16 mil metros quadrados de área verde incentivados pelo movimento. Além de oferecer o benefício da qualidade ambiental à vida das pessoas, também promove a interação ecológica com a atração de outras espécies. A iniciativa se apoia na política paulistana de incentivar a compensação ambiental e vem dando certo. De acordo com dados da prefeitura da cidade, o Corredor Verde do Minhocão é capaz de reciclar 163, toneladas de lixo por ano. Na 23 de Maio, são 250 mil mudas de 30 espécies diferentes distribuídos em 11 mil metros quadrados de paredões da via.
É inegável o valor ornamental e ambiental oferecido pelos jardins verticais introduzidos no País com grande aceitação no mercado brasileiro da construção, além da implantação, favorece a obtenção de pontos para certificações de sustentabilidade como o Leadership in Energy and Environmental Design (Leed).
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