O termo BIM é via de regra associado ao futuro do design, representação, modelagem e processos de arquitetura, engenharia e construção civil. Comparado de forma equivocada como se fosse equivalente às ferramentas eletrônicas de modelagem tridimensional, a inovação e os benefícios da tecnologia BIM são bem mais amplos.

Contudo, o conceito que fundou as bases científicas e metodológicas para a Modelagem de Informação da Construção (BIM) foi publicado em 1975 pelo pesquisador Charles M. Eastman. Na pesquisa publicada, Charles apresentou e descreveu elementos interativos onde as informações referentes às plantas, fachadas, perspectivas e seções de corte eram todas combinadas em um mesmo documento, de tal forma que qualquer alteração realizada em um elemento resultava automaticamente na alteração dos demais.

Especificações técnicas de natureza quantitativa como materiais, dimensionamentos, insumos, custos e gastos eram consequentemente geradas de forma prática e fácil. Nas décadas seguintes, foram desenvolvidos estudos subsequentes em diversos países buscando elaborar sobre o conceito BIM e suas aplicações em diferentes áreas.

O software BIM

Nas décadas de 1980 e 1990, a tecnologia da informação estava em pleno desenvolvimento, mas os computadores e hardwares necessários para operar softwares eram extremamente caros e o uso das tecnologias ainda era bastante limitado. O CAD (Desenho Auxiliado por Computador) também foi desenvolvido simultaneamente ao conceito BIM, nos anos 1980, quando arquitetos iniciavam a introdução dos computadores ao lado das pranchetas para desenhos à mão, inaugurando o conceito de desenho técnico baseado em múltiplos layers (camadas) de informações sobrepostas.

Conforme a tecnologia dos computadores evoluiu e foi se tornando mais acessível, os arquivos DWG (extensão de arquivos gerados no AutoCAD) passaram a ganhar cada vez mais espaço em comparação com os desenhos técnicos realizados à mão. Ao mesmo tempo, o software BIM foi sendo programado e desenvolvido até ganhar o formato da tecnologia BIM conhecida e utilizada atualmente. No início dos anos 2000, a Autodesk firmou a aquisição da Revit Technology Corporation e, desde então, o Revit se tornou a principal plataforma de projetos da Autodesk. Outras empresas como Bentley Systems e Graphisoft também desenvolveram seus próprios softwares de tecnologia BIM.

O estado atual da arte no que se refere à tecnologia da construção civil

Teoricamente, em termos mundiais, a sociedade científica, a indústria e o mercado da construção civil já alcançaram um consenso quanto à adoção da tecnologia BIM. As ações dos governos, das instituições de ensino e das empresas têm sido no sentido de promover a difusão da tecnologia, incentivar investimentos em infraestrutura e na educação e ensino técnico, além de regulamentar normas e padrões para uso do BIM.

A diretriz é que essas ações combinadas possibilitam que as próximas gerações de projetistas, arquitetos, engenheiros e construtores estejam preparadas para fazer o melhor proveito e colocar em práticas as vantagens do uso da tecnologia BIM, de forma colaborativa, conectada, inteligente, eficiente, sustentável e econômica.

É evidente que o avanço da adoção da tecnologia BIM em cada país está diretamente relacionado ao contexto local no que se refere às condições de infraestrutura, acesso à internet e à informação, educação, investimento público e privado e cultura. No caso do Brasil, a adoção do BIM em larga escala tem encontrado dificuldades desde a chegada dos softwares em meados dos anos 2000. No entanto, os setores público e privado estão se mobilizando e o cenário é promissor para os próximos anos, com o suporte da Estratégia BIM BR.

Ferramentas do futuro para a construção civil

Na última década, o mundo testemunhou pesquisas e realizações vinculadas à tecnologia BIM que evidenciaram o potencial e a abrangência de possibilidades do seu uso na prática. Projetos inovadores e desafiadores estão combinando tecnologias de ponta e rompendo os limites do BIM, inaugurando novos territórios para pensar e para praticar arquitetura, engenharia e construção civil.

1. Pré-fabricação digital

Além de projetar e detalhar componentes estruturais, componentes arquitetônicos, portas, janelas, vedações, mobiliários, instalações elétricas, instalações hidráulicas, escadas, elevadores… É possível pré-fabricar de forma remota e digital os componentes, da maçaneta ao prédio inteiro, com encaixe garantido.

2. Impressão 3D

A metodologia de impressão 3D das impressoras digitais é utilizada atualmente em grandes impressoras industriais de grande escala que literalmente imprimem utilizando cimento. Em 2020, ao mesmo tempo em que o Brasil construiu sua primeira casa impressa em 3D, o mundo também deu um passo além e imprimiu a primeira casa de dois andares em 3D, na Bélgica.

3. Realidade aumentada

A tecnologia de realidade virtual tem ficado cada vez mais difundida e acessível por meio dos smartphones, tablets e notebooks, a princípio para uso recreativo. Contudo, essa ferramenta de simulação levou a representação do projeto de arquitetura a um novo nível.

Com a ajuda da tecnologia avançada de realidade aumentada, computadores conseguem integrar o meio ambiente físico existente com a adição de informações gráficas tridimensionais modeladas digitalmente. Essa tecnologia proporciona uma experiência mais próxima do real possível dentro de um projeto.

4. Aerofotogrametria

A aerofotogrametria arquitetônica, possibilitada atualmente pelo uso de drones, permite dimensionar e obter dados métricos e georreferenciados de elementos por meio de um conjunto de fotogramas. Além dos dados, é possível gerar ortofotografias e modelos digitais de terrenos e de construções existentes.

5. Laser scanner

O laser scanner é um dispositivo para medição e levantamento tridimensional que utiliza tecnologia de aferição para um conjunto de coordenadas espaciais. A organização dessas coordenadas espaciais resulta na tradução de superfícies, de planos e de formas geométricas, que podem ser modelos 3D de edifícios, fachadas, cortes, planimetrias… Esses produtos podem ser combinados com tecnologia BIM e também com tecnologia de realidade aumentada.

6. Internet das coisas

A internet das coisas já transformou o ambiente doméstico em um ambiente futurista, hiper e interconectado, com sistemas integrados e inteligentes de monitoramento, segurança, climatização, entretenimento, limpeza e outros. Atualmente, em um único dispositivo é possível ter uma plataforma unificada para acessar câmeras de segurança; ativar e desativar alarmes; receber notificações de sensores; controlar televisores e sistemas de som; controlar a iluminação; controlar sistemas de irrigação; controlar aquecedores e ares-condicionados; controlar a abertura de portas e janelas.