Construir um modelo digital integrado a todas as etapas de uma obra, conhecer os desafios da implementação, entender o conceito do BIM (Building Information Modeling), saber como modelar para extrair a informação que se deseja são desafios para os atuais profissionais da construção civil. Isso porque a ferramenta tecnológica para projetar, gerir, otimizar resultados e custos, que já é utilizada há mais de uma década nos EUA, virou obrigatória nas construções brasileiras, uma vez que, o Governo Federal lançou o Decreto nº 9.377, de 17 maio de 2018, como estratégia nacional nas construções em obras públicas e privadas até 2021.
A assinatura do decreto foi articulada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e é o primeiro passo para difundir o BIM no processo construtivo no Brasil. Como forma de administrar a decisão do Decreto em todo o território nacional, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), encabeçou, em agosto do ano passado, o “BIM-BR Construção Inteligente”, uma iniciativa que envolveu sete pastas do Governo à elaboração do documento à implantação do BIM de forma escalonada no Brasil.
As metas são ousadas e a expectativa é que ocorra aumento de 10% na produtividade e redução de até 20% nos custos de uma obra, segundo dados da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), que também aposta no crescimento de 7 pontos percentuais no PIB do setor ao ser adotada até o fim da proposta constituída em três prazos entre os anos de 2021 e 2028.
Adoção do BIM no Brasil será em três etapas
A exigência do BIM deve ser estabelecida em até 10 anos e será feita de forma escalonada e em três etapas com prazos distintos até completar a adaptação para o setor publico e também ao mercado da construção.
- A partir de 2021, o uso de BIM passa a ser obrigatório em projetos das entidades federais que irão utilizá-lo em seus processos de contratação. Inicialmente, a proposta contempla a elaboração de modelos arquitetônicos e informações estruturais da engenharia na demonstração de dados e especificação de parâmetros.
- A partir 2024, os modelos construtivos de uma obra contemplarão do planejamento do projeto até orçamento passando pela execução da obra.
- A partir de 2028, o BIM deverá abranger todo o ciclo de vida da obra do projeto até o gerenciamento e a manutenção da obra após a sua conclusão.
Diretrizes para o gerenciamento BIM BR
O BIM tem sido visto como a expressão da inovação na construção civil, da revolução nos métodos incluindo informação, simulação, cronograma, orçamento, minimização de gastos e, sobretudo, melhoria da qualidade da obra. E para o gerenciamento da Estratégia BIM BR, foi criado o Comitê Gestor (CG-BIM), composto por representantes de nove Ministérios do governo. Este colegiado terá a competência de implementar, gerenciar e monitorar o progresso da proposta, também com a responsabilidade de corrigir eventuais falhas no processo para garantir a disseminação correta do BIM em todo o território nacional.
BIM BR terá nove objetivos
- Difundir o BIM e seus benefícios (entenda o que é BIM)
- Coordenar a estruturação do setor público para a adoção do BIM
- Criar condições favoráveis para o investimento, público e privado na implantação do BIM
- Estimular a capacitação em BIM
- Propor atos normativos que estabeleçam parâmetros para as compras e contratações públicas com uso do BIM
- Desenvolver normas técnicas, guias e protocolos específicos para a adoção do BIM
- Desenvolver a Plataforma e a Biblioteca Nacional BIM
- Estimular o desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias relacionadas ao BIM
- Incentivar a concorrência no mercado por meio de padrões neutros de interoperabilidade BIM
10 resultados esperados com o BIM BR
- Garantir ganhos de produtividade ao setor de construção civil
- Proporcionar maior qualidade nas obras públicas
- Aumentar a eficácia no planejamento de execução de obras proporcionando maior confiabilidade de cronogramas e orçamentos
- Contribuir com a sustentabilidade na redução de resíduos sólidos da construção civil
- Redução de prazos para conclusão de obras
- Melhoria da transparência nos processos licitatórios
- Redução de aditivos contratuais de alteração do projeto relativos a alteração de valor e prorrogação de prazos de conclusão e entrega da obra
- Aumentar o nível de qualificação profissional na atividade produtiva
- Reduzir custos no ciclo de vida dos empreendimentos.
Países que já adotaram o BIM!
Reino Unido: adotou o BIM desde 2016 para todos os fornecedores. Atualmente, a implantação está na fase 2 (modelagem e interoperalidade) e até 2025, o BIM estará totalmente inserido nas obras públicas do País. O Brasil se inspirou no modelo adotado pelo Reino Unido para elaborar a estratégia de adoção do BIM no País.
Estados Unidos: o BIM não e obrigatório nos EUA, no entanto, cerca de 72% das empresas de construção do País usam o BIM como tecnologia. Wisconsin foi o primeiro Estado dos EUA a implementar o BIM em obras públicas.
China: Apesar de 15% das empresas de construção já utilizarem a tecnologia virtual no País, através de dois Ministérios (Construção e Ciência e Tecnologia), a China criou um comitê do BIM em 2009 e uniu forças com o Reino Unido para um plano de trabalho. A previsão é que até o próximo ano, a China já tenha finalizado o processo de implementação do BIM.
Rússia: A Rússia tem se posicionado como um centro mundial da tecnologia BIM. Desde as Olimpíadas de Inverno de 2014 em Sochi, a projeção dos estádios já utiliza esta tecnologia. O País quer alcançar 50% dos contratos públicos com o uso da tecnologia BIM nos próximos 5 anos.
América do Sul: o Chile foi o pioneiro na adoção da tecnologia BIM em projetos de obras públicas. Desde 2012 que o governo aprovou licitações com o uso da tecnologia BIM. Em 2016, o governo chileno divulgou a proposta que até 2020 todas as construções publicas usarão o BIM.
Brasil: Santa Catarina foi o primeiro estado a definir o uso da metodologia BIM às licitações de obras públicas. A ideia surgiu em 2014, o prazo para adotar a medida foi estipulado para este ano e o governo lançou uma espécie de “cartilha” para construtoras e incorporadoras.
Substituir os métodos convencionais da indústria de construção já é uma realidade em vários países e adotar o BIM como solução prática para alcançar redução de custos, tempo, eficiência nas construções publica e privada do País trará também reflexos positivos em prol da sustentabilidade no que diz respeito ao consumo de energia no futuro.
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DECRETO Nº 9.377, DE 17 DE MAIO DE 2018
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